quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Uma parte de mim

 Frases escritas por alguém sempre se encaixam um dia em nossas vidas de alguma forma, cantando nosso amor, chorando nossas dores, gritando nossa saudade...não porque somos únicos, mas sim porque somos iguais,  ainda assim não que sejamos ordinários, ao contrário, especiais.

Há contos e fábulas que nos descrevem como criaturas, perfeitas em nossa imperfeição, e criados aos pares, para que passemos todo o resto de nossas vidas nos buscando, pois que de tão iguais, ao separados e longe, nos tornamos muito mais que diferentes. 

Desta forma, no sublime momento do reencontro, se assim a sorte ou o destino nos permitir, toda a barreira existente entre o modelo que fomos feitos e a sombra daquilo em que nos tornamos, seja motivo de confronto, de desconforto, de estranheza e até mesmo desprazer. Para que seja necessário apaziguar as chamas da vaidade, pisar no orgulho e eliminar totalmente qualquer indício de egoísmo, pois só assim nos mostramos de verdade, quem realmente somos, e é aí que, tão vulneráveis nos tornamos fortes, somos fortes quando mais parecemos fracos, já que é necessário tanto poder para se expor, para abrir mão, aceitar ao invés de impôr nossa própria vontade, força, poder, domínio...

É assim, desprovidos de nossas cascas, nús de todas as máscaras, mentiras e armaduras que colecionamos durante todo o percorrer do caminho em que não estivemos juntos, que finalmente nos exergamos como somos , da forma que fomos gerados em nossa essência, e então verdadeiramente nos reconhecemos, nos aceitamos, e nos amamos.
Nos amamos de verdade.

Hoje, acredito sinceramente que nada, nada intenta a união de dois amores, ao contrário, parece existir todo um plano maquiavelicamente arquitetado para que estes se afastem, para que quase se encontrem por diversas vezes mas por muito, muito tempo sejam  vencidos pelo quase. 

Para que se dê os méritos e louros e a bênção inigualável que é  amar e ser verdadeiramente amado somente àqueles que realmente lutaram bravamente em busca de seus amores, aqueles que humildemente se ajoelharam a frente do amor puro, e copiosamente em lágrimas  aceitaram para sí que, alí mora a sua felicidade.

De tão singularmente e plurais iguais que somos, tenho a certeza (como se as certezas nos pertencessem!?!?!) que isto já foi escrito por alguém, sentido por alguém, devendo existir uma centena de mitos sobre este tipo de natureza dos relacionamentos humanos.

Ainda assim, hoje, aquí, sou eu;  eu: simples ser minúsculo, finito e em absolutamente nada importante ao bom andamento e sobrevivência do universo, suas constelações e dimensões, escrevendo estas palavras sobre minhas descobertas acerca do amor. Do meu amor.

E assim sou EU, que apenas queria citar algumas palavras de um estranho que, um dia, escreveu algumas palavras sem talvez imaginar o quanto elas fariam sentido pra mim, pra moça da rua de cima, pra alguém que mora em outro hemisfério e o possa ler em uma língua que eu jamais falarei. 

São sentimentos impressos num passado onde nada parecia provável, nada havia sido feito para dar certo, tudo era tão extremamente caótico e sem futuro, parecendo ter sido desenhado como uma comédia de mau gosto dos imaginários deuses do Olimpo, para me fazer sofrer e chorar enquanto eles talvez fizessem suas apostas e comessem uvas lá no céu.

Era tão improvável ainda assim parecia tão simples, tão perfeito, e tão mais forte pra que se pudesse negar. 


E acho que o grande tudo do pouco que fiz na vida até hoje foi aceitar e acreditar no meu coração. Afinal, ninguém mais acreditava.

Não foi pouca a lágrima escorrida, não foi boa a tristeza, não foram curtos os dias e nem tranquilas as noites em que toda a saudade do mundo cortava mais que todas as supostas verdades saídas de todas as bocas de todos aqueles que não sentiam o que eu sentiam ou que nunca soubera o que era EU.
 
Mas nada, simplesmente nada teve seu tamanho, grandeza ou poder superados pelo êxtase, pelo amor sincero, pela alegria e pela recompensa de ter conseguido a glória de hoje poder desfrutar deste amor verdadeiro. Este mérito é meu, e é nosso.

Porque os anos não fazem esquecer o quanto sofreu meu coração, mas são lembranças que não magoam, não ferem, não julgam ou sequer condenam, elas simplesmente não dóem.

Elas apenas me dão alegria, elas apenas me fazem feliz por ter sido quem eu fui, por ser quem eu sou, por lutar como eu lutei e por sim, passar cada dia da minha vida errando ao tentar acertar o que deveria ser a fórmula para fazer feliz este homem que é tudo pra mim, é meu amor, é meu pai,filho, meu carrasco e herói, minha criança, minha alegria.

É aquele que ainda olho dormindo no meio da noite, silenciosamente sobre a cama sagrada, que vejo sair do banho enrolado na toalha e que pasmo ao acompanhar as lindas pernas que parecem percorrer a casa como se não me percebendo a presença, apressado, fazendo a barba...o que me arranca suspiros adolescentes quando me beija profundamente, por quem me perco horas pensando,dono das minhas idéias, por quem escrevo longos textos tolos , sem sentido, que alguém talvez um dia também leia e simpatize e creia ser uma parte dele.


Porque, como me foi escrito um dia por ele...

"Uma parte de mim é você
E a outra parte é você também.
Porque uma parte de mim é amor
E a outra parte também".

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