sábado, 25 de setembro de 2010

TPM - Dá pra ser produtiva?

Coluna Revista Época.

Peguei pela metade um programa no canal Discovery Home & Health. Estavam falando sobre Tensão Pré-menstrual, a TPM. Afirmavam que neste período, apesar de estressadas, angustiadas, deprimidas, irritadas, descabeladas, etc, as mulheres conseguiriam chegar a melhores soluções, criar mais, desenvolver projetos. Ou seja: existe uma TPM produtiva. Você acredita nisso? Eu não. E ainda fico pensando de que lado da humanidade pode ter vindo esta invenção. Dos patrões homens? Das mulheres que não têm TPM? Dos maridos que preferem que elas durmam em seus empregos naqueles dias?
Eu tinha uns 15 anos quando o meu professor de Biologia declarou: “TPM não existe”. Perguntei se ele já tinha menstruado. Ele disse que não. “Ah, então tá bom”, encerrei. Há alguns anos, já na Época, entrevistei um renomado médico aqui do Rio que dizia a mesma coisa. Não pude ser tão engraçadinha com ele, mas passei a dividir os homens em duas turmas: os que acreditam e os que não acreditam na TPM. Porque há aqueles que garantem que se trata de uma desculpa mensal para as mulheres dizerem cobras e lagartos para quem quiserem.
O meu marido, por exemplo, acredita. Se não acreditasse, então teria certeza de que sou louca. Porque é o que eu sou mesmo naquela semaninha que precede a maré vermelha. Na peça que fizemos juntos, Os Difamantes, uma das cenas em que a platéia mais ri mostra a briga de um casal nos dias de TPM da personagem. Ela vai da agressividade à carência, do ciúme à humilhação. No palco, muito engraçado. Em casa, nem tanto. A verdade é que a gente sofre – mas os maridos também. Nos Estados Unidos, onde a TPM é PMT ou Pre-Menstrual Tension, eles chamam também de Periodic Marital Trouble (algo como “problema conjugal periódico”).
Uma mulher que conheço já jogou um prato no marido. Ele levou quatro pontos na testa. Outra, precavida, fez uma lista com tudo que marido e filhos não deveriam fazer neste período, o que incluía jamais fazer a pergunta “você está nervosa?”. Uma entrevistada me contou uma vez que largou o carro no meio da rua, no engarrafamento, e voltou andando pra casa. Depois teve que resgatar o automóvel num depósito da polícia. Uma amiga de São Paulo vai ao banheiro e chora loucamente. Depois volta e continua a trabalhar. Outra já comeu cem empadas para aplacar a angústia. Eu disse 100. Eu mesma já comi umas 20 rabanadas. (O que tem mais calorias: 100 empadinhas ou 20 rabanadas?)
Há dietas que prometem reduzir o nível de TPM. Em quase todas, a aliementação deve ser leve, muita folha, muito líquido. Mas esqueceram de contar para quem inventou isso que um dos aspectos mais trágicos da TPM é a fome. Vontade de doce. Chocolate. Biscoito. Churro com doce de leite! Outra coisa que dizem que atenua a tensão é fazer exercícios. Mas dá pra ir para a academia de malha toda inchada, parecendo uma pipa? O máximo que dá é fazer polichinelo em casa.
Um site chamado Clube da TPM explica que há vários tipos. Tipo A, Irritação, tipo C, Dor de cabeça e loucura por doces, tipo H, retenção de líquidos; tipo D, depressão, choro fácil…Aí eu descobri que o meu tipo é ABCDEFGHIJK.
Essa é minha vida, esse é o meu clube.
E você, o que já fez na TPM?

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